segunda-feira, 26 de março de 2012

Posted by Victor Bastos | File under : ,

Um dia em muito que já se passou, me foram ditas palavras que perduram mais do que deveriam. Como fantasmas que me lembram de um passado outrora tão familiar, pessoas que formaram quem sou hoje e seus pensamentos traduzidos pela voz ecoam por meus ouvidos. Talvez, mais do que deveriam.
Jamais poderia esquecer as almas que compuseram o meu lado mais feliz. Tampouco jamais serei capaz de agradecer, no dia em que a morte em minha porta bater, devidamente, a todos os que me construíram uma estrada por onde trilhar a vida. A despedida nem sempre é fácil. As palavras, nem sempre suficientes.
Muitos se disseram meus amigos. Quisera eu acreditar piamente que era verdade. Amigo, até onde meu cérebro conseguiu compreender, é uma pessoa que está ao seu lado em quaisquer dificuldades que o mundo apresente; que enfrente, ao seu lado, as tristezas; que chore em seus ombros, e permita que você faça o mesmo nas horas mais difíceis; que abrace para comemorar as maiores felicidades; enfim, uma pessoa com quem se possa tocar a vida e permitir que ela siga seu curso natural.
Talvez esteja cedo demais para concluir. Numericamente, minha idade não passa de uma fração da expectativa de vida do país em que vivo. Politicamente, jamais exerci uma função realmente necessária e essencial. Mas talvez, epifanias aconteçam sem hora marcada ou experiência adquirida. Talvez, a maior revelação possa se dar antes da morte, ou até mesmo antes de uma noite de sono. Quem sabe?
De uma forma ou outra, é mais fácil compreender a sua pequenez frente ao mundo quando se lembra de história de um grandioso. Uma pessoa que, há pouco conheço, mas demais reconheço o valor, certamente me dirá: “Quando se deseja ser grande, basta correr atrás e fazer por merecer.” Está certa. Mas e quando nos sentimos tão limitados, cercados por esse mundo tão ambicioso, frio e desumano? Por que acreditar num mundo que não mais conhece o significado da palavra honra? Por que acreditar num ser que não é mais ser: tornou-se um “ter”?
Talvez um recado a cada um de nós precise ser dado. Seria um ancião a dá-lo? Não se sabe. Por ora, espero que o mundo entenda as palavras de ninguém mais além de um adolescente. Mais ainda, se o mundo tanto premia sua juventude, que busque entender como entendo. É um pedido, uma súplica. Ou, como preferir: um ultimato.
A falsidade é a marca registrada da sociedade. A cobiça é sua segunda natureza. A frialdade se tornou uma virtude. Onde está o verdadeiro ser humano, perdido neste meio tão abandonado pelo real “ser”? Afinal, o que significa SER humano? É a pergunta cuja resposta consegui obter, a muito custo, mas que desejo que o mundo consiga entender.
Ser humano significa abdicar de suas comodidades e lutar pelo que acredita. Significa erguer a mão para um companheiro levantar-se. Significa saber chorar quando está triste, ao invés de esconder-se sob uma máscara. Significa reconhecer seu irmão quando o fita, olho a olho. Significa um abraço, um beijo, uma força, uma energia, uma poesia, uma profecia. Ser humano significa ser o futuro, confiado a quem sabe usar seus sentimentos para tornar o mundo um lugar melhor. Ser humano significa conscientizar-se de quem é, ter sua honra, buscar sua glória, querer o amor, entender a paixão, e, acima de tudo, ter sua identidade e seu caráter formado.  Será que somos humanos mesmo, no final das contas?
Não cometerei a hipocrisia que dizer que sou, já que tenho meus escrúpulos e falhas. Lamento meus erros, minhas desonestidades, meu passado e presente que ainda é marcado pela ausência de em quem confiar. Há tais, mas não talvez o suficiente para que um romântico sonhador como eu sinta-se seguro.
Haverá quem ria ao ler tudo isso. Não atribuo culpa a esse risonho. Deve rir mesmo, pois a vida deve ter uma felicidade, ou uma graça, em qualquer momento e lugar. Deve ser dotada de alegria, mas também deve ser levada com coerência. A quem rir, pense se não estaria cometendo o mesmo erro que quase todos nós cometemos, esquecendo de nossos erros e achando graça em quem se sente culpado pelo mundo em que habitamos. Será que somos humanos, no final das contas?
Há milhares de anos, guerreiros lutavam incansavelmente pela honra, para defender suas terras, seus filhos, suas mulheres. Davam suas vidas em nome de algo maior. Foram mártires? Não... foram pessoas. Hoje, quem fizer uma coisa dessas será considerado suicida, e, após seus 15 minutos de fama nos jornais, será esquecido... Somos humanos, no final das contas?
Renegamos nosso passado, só visamos um futuro cercado de máquinas que façam todas as mirabolantes idéias que vêm à nossa mente, enquanto usufruímos de um conforto não antes experimentado. No topo, uma minoria elitizada faz piada dos menos favorecidos. Julgamos-nos conhecedores do mundo, mas não sabemos reconhecer sequer o que sentimos. Percebemos a crueldade humana tão grande quanto os Andes ou o Himalaia, e nada fazemos. Somos humanos, no final das contas?

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É importante parar para pensar nesse aspecto. Digo uma coisa, amigos. Existe uma razão para que o ente biológico seja conhecido popularmente como "ser" humano. Pensem nisso.

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