segunda-feira, 10 de março de 2014

Posted by Victor Bastos |
Num país minimamente preparado, o cenário de políticas de pão e circo significaria que o relógio está chegando cada vez mais perto do "fim do dia" para a governança irresponsável. No Brasil concreto... O cenário é outro.

O que Pão e Circo são e fazem hoje
A própria constituição ideológica da população brasileira revela uma tendência de que, sequer em caso de caos generalizado, exista uma mudança concreta. Pode tirar a Globo. Pode tirar o futebol. Pode tirar UFC. Seja lá qual for a sua ideia pessoal do que constitui "política de circo", pode-se livremente retirar do cotidiano popular. A prática nos faz ver que, ao passo atual, nem mesmo com toda a remoção das inutilidades rotineiras seria vista uma mudança real. Na melhor das hipóteses, um governante efetivamente comprometido com o futuro do país, face à ausência de políticas assistencialistas e a ousadia social, facilmente veria minada toda a possibilidade de uma reeleição ou continuidade da postura. Isso tudo por um simples fato: falta ao povo tempo suficiente para entender o lógico - vida boa não é vida fácil.
E a Copa? Que a inauguração dos estádios ao redor do país nas vésperas da Copa do Mundo FIFA 2014 é uma política de entretenimento preparada pelo Estado tupiniquim para tentar manter a atenção das massas, não há o que se discutir.
Também não é nada inédito debater o quão "Pão" pode ser apontada a ideia das várias bolsas e políticas assistencialistas.

O Relógio Não Para...
Costumo dizer que há três coisas no cosmos que tem extinção certa e inevitável: o nosso próprio Universo, o comunismo e a governança irresponsável. Esse último merece uma pequena reflexão (não menos que os outros dois, mas para fins deste post, cabe delimitar o tema).
O Brasil tem, segundo opinião minha, um máximo de 16 anos até que cheguemos ao limiar de um caos sócio-econômico. Isso tende a ocorrer a partir do momento em que mantivermos a nossa linha atual de abordagem econômica e manipulação social, com a constância de políticas de curto-prazo e "tapa-buraco" e a inconsistência de toda e qualquer medida a longo prazo. 
O problema é que mesmo esse limiar de caos poderia não significar um momento de sublime transformação e foco na mudança: ou será que soa impossível que toda a "bomba" estoure na mão de um outro partido e que, graças a isso, o PT retorne "endeusado" ao Planalto só para piorar as coisas e nos transformar num comunismo fadado a maior fracasso do que o já que temos pela frente?
Aí esbarramos no que é, a meu ver, o maior problema do Brasil: a sua adoção à democracia como hoje o é. E sendo tal como o é, isso nada ajuda em nossa corrida contra o tempo.

Reescrever o texto ou reeducar o escritor?
A democracia, da forma como está constituída no país, é um erro crasso face à constituição social do país. A ideia é bonita, dá um ar nobre à Constituição Federal, mas há tempos a população caminha em total descompasso com o texto normativo magno da República.

                               

Paremos para pensar no seguinte cenário: por uma curiosidade fantástica do destino, o Brasil, massivamente, "erutize-se" e entenda que estamos no rumo errado. A postura seguinte seria qual? "Não vai ter Copa"? "Black blocs"? Jamais. A postura seria: reformule-se a forma de atuação e organização do Estado. Parece absurdo? 
Pergunte-se como os alemães se recuperaram após a 1º Guerra Mundial. 
Pergunte-se como os japoneses se ergueram no cenário pós-Segunda Guerra.
Isso para não citar outros países que são exemplos de organização e não tiveram grandes destaques nas páginas dos livros de História. Dúvidas? Indague sobre como é a vida de um finlandês, de um norueguês, de um dinamarquês, de um sueco...
"Nenhum deles é o Brasil". Exatamente. Por não sermos como os demais (leia-se: por não termos ainda percebido, em massa, o óbvio) não podemos esperar que se trilhe sucesso similar. É simples assim. A receita de melhoria já existe, e já existe há tempos. O que falta é um pouco de vontade desde os bilionários acionistas de grandes empresas até as humildes donas-de-casa de raciocinar 5 minutos fora do universo televisivo do BBB e similares, porque na mão de todos reside a oportunidade de iniciar a construção de algo novo (isso para manter ao máximo o modelo democrático em vigor ainda funcional).

Então... Para onde estamos indo, e de onde estamos partindo?
Muitos falam que nossas leis estão em descompasso com a sociedade; e alguns dizem que por isso, deveríamos refazer as leis. Algumas, correto, poderiam passar por uma alteração para maior praticidade, mas nunca, jamais, deve alguém enunciar que a lei deve ser refeita porque "o brasileiro não consegue cumprir".
Não vejo correto aduzir que a Copa é uma política de circo e o bolsa-família é o pão. Digo o seguinte: friamente, o próprio Brasil hoje é o pão e circo, não suas medidas internas - o Estado em si o é.
Isso tudo significa que nós já partimos do pressuposto de que enfrentamos tempos cada vez piores conforme os meses e anos passam, e que em algum momento deverá ser tomada a escolha que há muito deveria ser feita: aceitar que tudo é uma ilusão (incluindo o poder da mudança) e que de nada adianta sequer tentar fazer algo, ou iniciar uma verdadeira blitz ideológica por iniciativa própria e tentar disseminar ao máximo possível novas opiniões, de preferência mais compatíveis com um futuro minimamente desejável, algo que já é bem melhor do que temos à frente das terras tupiniquins se os rumos atuais não forem mudados.

Reflita sobre isso
Ninguém precisa de mudanças radicais para começar a ter melhor noção das coisas. Ler já é um bom começo, e trocar aquela revista de fofocas ou aquele programa inútil de porandubas da vida pessoal de celebridades por um livro de Olavo de Carvalho, por exemplo, é uma excelente pedida.

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